País da Fome

Ae irmão, negócio é o seguinte
Esse som aqui é dedicado à Ivonete Mateus de Melo
E Sérgio Mateus dos Santos
Minha coroa e meu irmão
Que Deus o tenha
Ae, e pra todos os irmãos que perderam alguém, tá ligado?
A perda, vão ver que a perda não é tão difícil assim
Se pega com deus porque aquele que foi tá do lado do senhor, mano

Não só o Louquinho e o Pesquila jaz
Senhor, a dor dos seus herdou, ao menos peço a paz
O pobre réu agora é fel, perante os animais
E que a bela vira fera, e mais

Jão, até me lembro do passado
Vários malucos lá em casa, o clima andava embaçado
Só ladrão de mil grau, o clima era do mal
Esquenta o prato, estica, serve o crime na moral e tal

Mó motivo pra chamar do 12
É, se os homens invadissem, iam catar um monte
É, ladrão, teve uns malucos que assinou e foi de bonde
Uns do Canão, uns dos Bronks, uns da Conde

Louquinho, meu melhor amigo até hoje
Aderiu ao 157, não quis pra ele o 12, é
Não precisou ter currículo de ladrão
Tipo, pra ter respeito ou admiração

Igual muitos por aqui, o Louquinho pensou alto
Vendeu umas frutas, tomou conta de carro
Aos 12, rá-tá-tá; aos 15, quis parar
Aos 16, dizia que a branca pro crime, só atrasa

Deu duro e forte, pro arrebento nunca foi com loc
Nobres, falava a seu respeito, pela ordem
Nas noites frias na fogueira, assalto era meu tema
Pra quem nasceu na zona sul, o sofrimento é evidência

Aqui não tem paz, aqui não tem sinceridade
Não tem nenhum filha da puta sem maldade
Necessidade na Espraiada, o crime em sua porta
Também polícia e revólver, droga, caminho da roça

É óbvio que aqui
As estatísticas me diz
Na miguelagem ou então já sabe
Só no sapatinho

Jamais irei dar mi-,
Eu sempre penso assim
Quem não pode errar sou eu
Que se foda o Zé povinho

Na humildade posso até conseguir
Aviso em mente, Oxalá me guia aqui permanentemente
Zé Povinho tem um olho ardente
Às vezes complicando a gente, só pra te foder liga pro DEIC

Eu vi em mais lençóis, vejo você tão de repente
Tá no Brooklin, Bronks, é, Pedrinha, ou, então, Itapevi
Não gosto desse filme, o roteiro é foda
Nem me liga, ser uma vítima do crime, genocida

Crocodilagem, traição, revolta, droga
Falsas amizades e as biatch em sua volta
Envolvimentos com outras, quiçássa
Ação cinematográfica, enquadra a barca, cantou, cromada

Quando eu voltava lá pra casa, comentava
"O crime, jão? Profissão de cão, emboscada"
Quando voltava, me dizia: "emboscada"
Dizia que o crime é sempre uma arapuca armada

Primeirão que mete a cara. Disposição, vai em parada
Vai em duas, três, cai, responsa que para várias
Quando cai, muitos deles se apavoram, matam
Guerreiro que não é guerreiro vaza, só viaja

Não gosto desse filme, o roteiro nem me liga
Ser uma vítima do crime genocida
Ah, não! Mãe, me dê a bênção
Eu sei que o medo não é mesmo o lugar perfeito pra guardar as horas

Sul, Sampa, Brasil, aqui sem a senhora
Pra mim tô vivendo no escuro
Não faz muito tempo que o Deda foi embora, e é foda
Quando eu me lembro da senhora, o medo é o Zé Povinho
Mudam da água pro vinho, engordam os zóios, atiram

E dão chapéu em si mesmo, Pelé
Alguns espancam, enchem a cara, outros que matam mulher
Várias vezes vi na Sul, não faz nem um mês
O Binha chegou lá em casa, ligando: o Bagana tomou seis

Isso eu citei, Maurinho, pagou de Exu que eu vi, jão
Se eu descolar quem o matou não tem perdão, ah, não
Senhor, me dê mais fé
Eu vou vivendo pelas ruas, no meio de um exército

Mais vale a fé aqui no Brooklin-Sul
Vou vivendo pelos cantos, desviando dos escombros
De onde eu vim, ladrão, milhões têm filho
Nasce, perde uma vez, noves fora, vai

Justiça, atitude, meu pai
Hoje a chave, segredo, eu sei, posso viver bem mais
Só não queria que o Naldinho fosse nessas
Conheceu cola, brisou lá no pó, parou na pedra

Foi tipo essas, não sei se fecha, atitude apressa
Foi encontrado em São Luís alvejado, mechas
Eu percebi, depois que atira, toma vários jaz
A morte do Eduardo fez do Louco um mal rapaz

Espécie em extinção branco com sangue de preto
São Dimas, são do ladrão ajude os parceiros
Desconfiado o tempo inteiro na favela eu vejo
Agora disse: "se for pra catar só vai com Neno"

Isso ele disse, me dizia o tempo inteiro
B.O do pente, saudade invade o locutor na mente
Sempre se dizia catasse e dava um breque, mente
Agora o trampo é grande tem mais de 20, 15

E do Canão so tem o Louco e o Pisquila, vish
Campo de quebrada, fora da quissaça
Chácara alugada, outra função esperava
Algo saiu errado, Louco me ligou, deixou recado
Maurinho, ta tudo embaçado

Vai vendo meu chegado
Tudo errado
Eu disse tudo acabado
Nessa orquestra o maestro aqui não presta, só o teclado

Vou desligar, tô atracando no pedágio
Tô de picape, 2 nove trouxe o baby e um colete falco
Se liga tio cuidado Interlagos
Vê se nunca fica tio de chapéu atolado

Fica em paz, eu vou com Deus
Ai louco, fica com Deus também
Saudade
Que os anjos dizem amém

Ráh! de bode no barraco
Acordei, peguei meu pré-pago
Li a mensagem, liguei
Porém só dava ocupado

To preocupado, louco
Na profissão macabro
Dessa vez o judas o pegou pra juca
Fez boato

Sacou, não matou
Perdoou, não foi perdoado
Lembrou lembrei que o tio falou
Ladrão bonzinho é fraco

Não bate boca juca
O juca diz quem ta de boa
Aqui é merda
Jão não vai ter essa briga atoa

Sai fora as horas passa
Volta com mais 3 na bota
A casa ele alugou, conhece a porta
Nas chaves tem a cópia

É rastejante como cobra
O errado ali de volta
Com mais três
E de voz grossa

Louco, fumando um cigarro e sem camisa, no quarto
Um olho aberto outro fechado está o pisquila
Na terra sobrevivente guerra é só carniça
Sem que se esperar, o louco toma o primeiro

Ainda tento atracar com o terceiro qual no deu nem tempo
Pisquila saca, troca pinota compensa pensa
Grita pelo louco, que ja morto não responde
Lembra alguns malucos que invadiram o interior da sala
Na porta do seu quarto ouve paços, bala-bala
Alguém se passa e mete a cara

Boatos são boatos, quem vive é guerreiro
Favela do Canão, o herdeiro é o primeiro
Boatos são boatos, vive o guerreiro
Favela do Canão, só vive um bom herdeiro

Ah, não
Mãe, me dê a bênção
Eu sei que o medo não é mesmo
O lugar perfeito pra guardar as horas

Sul, Sampa, Brasil, aqui sem a senhora
Pra mim, tô vivendo no escuro
Não faz muito tempo que o Deda foi embora, e é foda
Quando eu me lembro da saudade, o medo é o Zé Povinho

Mudam da água pro vinho
Engordam os zóios, atiram
E dão chapéu em si mesmo, Pelé
Alguns espancam, enchem a cara, outros que matam mulher

Várias vezes vi na Sul, não faz nem um mês
O Binha chegou lá em casa, ligando: o Bagana tomou seis
Isso eu citei, Maurinho, pagou de Exu que eu vi, jão
Se eu descolar quem o matou não tem perdão,

Senhor, me dê mais fé
Eu vou vivendo pelas ruas no meio de um exército
Mais vale a paz na Sul
Eu vou vivendo pelos cantos, desviando dos escombros

De onde eu vim, eu sei, milhões têm filho
Nasce, dez de uma vez, nove fora, vai
Justiça, atitude, pai
Sei, é a chave, é o segredo, eu vou viver bem mais
Paz, paz, paz, paz, paz, paz



Credits
Writer(s): Mauro Mateus Dos Santos
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