Sofrência

Foi você que pra me virar a cabeça
Arranhou minha couraça
Batizou minha cachaça
Acabou com a minha raça
Achou graça na desgraça

Foi você que se meteu
No recanto que era eu
Feito incêndio no museu
Feito anjo na vigília de um ateu

Foi você que me apareceu do nada
E danou de me rondar
Pra depois me desandar
E do nada nunca mais voltar

Vem de novo me render, vem
Me queimar, me converter, nem vem
Mais danada que você, ninguém

Foi você que pra me fazer arruaça
Veio vindo passo a passo
Se aninhou no meu regaço
Amassou meu espinhaço
Me cuspiu feito bagaço

Foi você quem invadiu
O meu coração baldio
Que nem seiva, que nem cio
Qual sofrência invade os cantos do Brasil

Foi você que me descobriu na toca
E uma vez me cutucou
E outra vez me embatucou
E eis que nunca, nunca mais voltou

Vem pra cá me enlouquecer, vem
Me tocar, me intumescer, nem vem
Mais maluca que você, ninguém

Foi você que me descobriu na toca
E uma vez me cutucou
E outra vez me embatucou
E eis que nunca, nunca mais voltou

Vem pra cá me enlouquecer, vem
Me tocar, me intumescer, nem vem
Mais maluca que você, ninguém

Nem vem, nem vem
Nem vem, nem vem



Credits
Writer(s): Thiago Mattos Dos Santos Amud, Francis Victor Walte Hime
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